quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Apresentando o Brasil ao Mundo

Chegando ao Recife em março de 1638, Georg Marcgrave foi incumbido por Nassau de fazer um levantamento da fauna e flora do Brasil holandês. Após 5 anos de expedições pelo Nordeste coletando amostras de animais e vegetais e fazendo desenhos e pinturas de paisagens, nativos, plantas e bichos de centenas de espécies, Marcgrave havia conseguido uma coleção de informações que ainda não havia sido feita em terras do Novo Mundo.

Em 1648, Joannes de Laet publica na Holanda sob o patrocínio de Nassau, o livro Historia Naturalis Brasiliae, apresentando a pesquisa de Marcgrave em conjunto com o trabalho do médico Willem Piso. Escrito em latim, o livro é dividido em duas partes: De medicina brasiliensi com quatro livros de Piso e Historiae rerum naturalium Brasiliae com oito livros de Marcgrave:
Qui agit de Herbis (ervas); Qui agit de Plantis Frutescentibus & Fruticibus (arbustos); Qui agit de Arboribus (árvores); Qui agit de Piscibus Brasiliae (peixes); Qui agit de Avibus (aves); Qui agit de Quadrupedipus & Serpentibus (quadrupedes e serpentes); Qui agit de Infectis (insetos) e Qui agit de ipsa Regione & Indigenis (região e indigenas).

Segundo o professor Dr. Matsuura: "tendo assimilado na Universidade de Leiden [Holanda] o apreço pela observação e experimentação, Marcgrave estava longe das especulações metafísicas que o precederam.  Historia Naturalis Brasiliae foi uma obra revolucionária na época não só pelo seu conteúdo original, mas também pela maneira como descrevia a natureza. As notas baseadas em observações pessoais estabeleceram um marco na emergência gradual de uma história natural moderna."

Apesar de sua obra servir como principal referência de história natural do Brasil até meados do século XIX, Georg Marcgrave não chegou a ver a importância dela pois morreu no início de 1644 em Angola, aonde foi enviado para fazer levantamento cartográfico, outra de suas várias habilidades, vítima de doença tropical. Mesmo assim, seu nome está gravado no rol dos primeiros cientistas da América e destaca o Recife como Marco Zero da ciência no Brasil.