sexta-feira, 27 de abril de 2012

O Outro Maurício de Nassau

Nascido em 14 de novembro de 1567, o holandês Maurício de Orange-Nassau tornou-se príncipe de Orange em sucessão ao seu irmão Felipe Guilherme em 1618.

Filho do príncipe Guilherme I, O Taciturno, que liderou a Casa de Orange-Nassau contra os espanhóis na independência dos Países-Baixos, Maurício de Orange-Nassau modernizou o exército neerlandês tornando-o permanente, além de introduzir o treinamento, o aumento do uso das armas de fogo, a disciplina e a profissionalização dos oficiais.

Como primo do pai de Maurício de Nassau-Siegen (O Brasileiro) foi padrinho e teve seu nome escolhido para homenagear o afilhado que viria a governar o Brasil holandês.

Faleceu em 23 de abril de 1625. Suas vitórias em diversas batalhas forçaram um tratado de paz com a Espanha conhecido com a Trégua dos Doze Anos que durou até 1621.

sábado, 21 de abril de 2012

A Perda do Brasil

"A posse desse belo país, para nós, foi de curta duração; perdemo-lo por negligência e erros da própria Companhia das Índias Ocidentais que o conquistara; por isso tratarei de provar quanto é merecida a expressão verzuimd Braziel (o Brasil desprezado), criada pelo nosso poeta nacional van Haren e atualmente proverbial quando se alude à nossa antiga colônia do Brasil. Mas, por outro lado, reconhecer-se-á serem os grandes homens, que ali se distinguiram, como guerreiros ou como administradores, merecedores da nossa relevante homenagem.

Entre essas figuras notáveis, o Conde Maurício de Nassau ocupa um dos principais lugares e nós nos sentimos bem em fazer justiça à memória desse príncipe, digno rebento de um dos ramos da ilustre família Nassau, que soube contribuir para a prosperidade do Brasil Holandês durante os 8 anos de seu salutar governo.

Frequentemente, ressaltar-se-á o heroísmo e o espírito empreendedor dos holandeses. Estávamos, então, no apogeu da nossa glória e do nosso poder. Tornava-se preciso que um povo saísse do nada, espalhando a vida e a luz por todos os espíritos, a abundância por todos os mercados; um povo que emprestasse grande atividade à circulação dos produtos, das mercadorias, do dinheiro, e que, incentivando o consumo, animasse a agricultura, o comércio e todas as modalidades da indústria. A Europa deve aos holandeses todos esses benefícios".

O nome de Vieira, esse corajoso chefe que expulsou os holandeses do Brasil, faz jus bastante à admiração de seus compatriotas. Seria lamentável viesse a caber essa tarefa a um estrangeiro, porque Vieira é um desses nomes pouco comuns em cada povo, que não pertence a nenhum partido, mas à nação inteira e que honra a todos os seus patrícios.

Vieira libertou a sua terra de um domínio repelido pela população e contrário a suas ideias religiosas. Os brasileiros, de então, não podendo ainda formar uma nação independente, voltaram a ser portugueses e católicos. Quase duzentos anos mais tarde, em 1822, emanciparam-se de outro jugo que não correspondia a seus ideais políticos: o Brasil se sentiu forte, declarou- se independente; e esse país, antigamente colônia desprezada, é agora um dos mais ricos impérios, a que o futuro destina um dos mais destacados postos entre as grandes potências".

Haia, fevereiro, 1853.

Pieter Marinus Netscher
Tenente dos Granadeiros do Exército Real dos Países-Baixos

quinta-feira, 19 de abril de 2012

1ª Batalha dos Guararapes

Após o início da Restauração Pernambucana em 1645 os holandeses foram fechados em um cerco ainda mais apertado no Recife.

Desde a época de Nassau que o Conselho Supremo fazia constantes reclamações à Cia. das Índias Ocidentais e aos Estados Gerais sobre a falta tropas e munição de guerra e de boca para consolidar suas posições no Brasil fazendo frente aos luso-brasileiros que pressionavam fortemente os redutos batavos.

No dia 18 de março de 1648 aporta no Recife esquadra do almirante de With com 6000 homens para romper o cerco do Recife e região. Depois das providências de praxe o general alemão von Schkoppe desloca 4500 homens seguindo em direção a Afogados às sete horas de 18 de abril onde receberam algumas peças de artilharia vindas pelo rio.

Informado da movimentação dos holandeses, o mestre-de-campo general Barreto de Menezes e seu conselho de guerra decidem dar combate aos inimigos posicionando sua força principal nos Montes Guararapes e uma vanguarda numa estreita faixa de terra entre os alagados e as elevações. Estas tropas contavam com pouco mais de 2000 homens.

No dia 19 de abril as tropas holandesas saem cedo de Afogados e marcham para os Guararapes. Por volta das 8 horas a vanguarda invasora se engaja com as tropas luso-brasileiras. Observando a desvantagem de suas fileiras, Barreto de Menezes aciona suas reservas, entrando em combate os terços de Henrique Dias e Felipe Camarão pelos flancos e o de Fernandes Vieira pelo centro.

De início, os luso-brasileiros rompem as linhas inimigas e lhe tomam a artilharia, munição e mantimentos, mas os holandeses também lançam suas reservas e conseguem rehaver sua posição e apetrechos. Neste momento as tropas de Schkoppe se veem em meio aos pântanos e com a mobilidade dificultada. Menezes envia então o terço de Vidal de Negreiros que liquida os holandeses.

A batalha durou quatro horas com cerca de 1000 baixas holandesas entre mortos e feridos, inclusive o general Schkoppe ferido no pé, que se retirou com os remanescentes para o Recife. Perderam também os holandeses uma peça de artilharia em bronze, armas diversas, munições e 33 bandeiras deixadas no campo de batalha. As tropas de Barreto de Menezes perderam cerca de 500 homens.

Por sua importância no contexto da libertação de Pernambuco e na criação da pátria brasileira, 19 de abril foi instituído o Dia do Exército Brasileiro.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A Resposta de Henrique Dias

Tentando fazer com que os luso-brasileiros se debandassem para seu lado, os holandeses sistematicamente espalhavam cartazes prometendo perdão e premios aos que lhes jurassem fidelidade.

O comandante Henrique Dias lhes enviou a seguinte resposta:

Esta variedade de papeis que os meus soldados acham pelos caminhos são folhas de que sempre conhecemos a flor. A experiencia não lhes tem ensinado que o negro nem recebe outra cor nem perde a que tem?

O que VV.SS. imaginam suborno nestes cartazes de perdão é para cada um dos meus negros cartel de desafio. Matar-se-hão facilmente com quem lhes fallar em dominio hollandez. Não se cançem com esta invenção de enganos, porque lhes não ha de sahir a sorte favoravel que estes meus morenos não teem por boa sorte senão a que fazem no sangue hollandez.

De quatro nações se compõem este regimento: Minas, Ardas, Angolas e Creoulos. Os Creoulos são tão malcreados que não temem nem devem; os Minas tão bravos que aonde não podem chegar com o braço chegam com o nome; os Ardas tão fogosos que tudo querem cortar de um golpe; os Angolas tão robustos que nenhum trabalho os cança.

Se VV.SS. consultaram commigo esta industria, excusara-lhes eu a diligencia de os advertir de que esta gente não é a que se leva por arte, e assim lhes aconselho que se valham da força, mas também lhes asseguro que sem os matar a todos, nunca se hão de ver livres de contrarios.


Henrique Dias
Governador dos Negros

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Petição a Nassau

Illm. Sr. João Maurício, Conde de Nassau, Dignissimo Governador, Capitão e Almirante General de mar e terra do Estado do Brasil:

A Camera da villa de Olinda, como mais populosa e principal entre as mais cameras do povo de Pernambuco e de todo o Estado conquistado, tendo experimentado as benignas acções de V.Exc. a benevola propenção que tem a este povo e a todos os moradores deste Estado, e desejando constituir em a illustrissima pessoa de V.Exc. um refugio perpetuo e firme asylo e patrocinio contra as inconstancias da fortuna, tenham aqui e em Hollanda um padroeiro que os ampare e favoreça os povos e moradores do Brasil que com tanto amor governa.
Pede com amoroso affecto a V.Exc. seja servido aceitar chamar-se padroeiro seu, quando os mui altos e poderosos Senhores Estados Geraes das Provincias Unidas e S.A. o Principe de Orange sejam servidos concederno-lo.
Por penhor desta mercê pedimos a V.Exc. nos despache esta petição como pedimos.

Manoel Ribeiro de Sá,
Secretario da Camera de Olinda



Sempre tive ao povo portuguez e a todos os moradores deste Estado a affecção de que tem experiencia, e de novo farei o que a Camera da villa de Olinda me pede nesta petição, e mais particularmente, quando Deus for servido levar-me a Hollanda, estarei sempre certo, como bom intercessor, com muito boa vontade pera tudo que ahi se offerecer aos moradores do Brasil com os Senhores Estados Geraes e S.A. e Concelho da illustre Companhia.

Antonio Vaz aos 3 de agosto de 1639
Mauricio, Conde de Nassau