sábado, 29 de novembro de 2014

João Fernandes Vieira

A real origem deste importante personagem da Insurreição Pernambucana é controversa.  A maioria dos pesquisadores afirma que ele nasceu em 1613 em Funchal,  Ilha da Madeira. Enquanto uns dizem ser de família nobre, outros registram que tinha origem muito humilde, sendo o seu pai um degredado português e sua mãe uma negra. Segundo o pesquisador Rodrigo de Lima Felner seu verdadeiro nome seria Francisco de Ornelas Muniz Filho.

Descrito como mulato por vários autores, emigrou para Pernambuco onde chegou em 1624, tornado-se empregado de um marchante. Com a invasão holandesa em fevereiro de 1630, passa a combater os invasores, inclusive na defesa do Forte de São Jorge até sua tomada pelos neerlandeses em 02 de março.

Fernandes Vieira torna-se encarregado da distribuição de víveres às tropas luso-brasileiras, seguindo depois para o Arraial do Bom Jesus na mesma função até a rendição daquela fortificação em 1635. Vieira preferiu ficar no convivio dos holandeses a fugir com Matias de Albuquerque para o sul da capitania.

Estreitando relacionamento com o conselheiro político Jacob Stachouwer, Vieira consegue tornar-se seu criado quando o holandês adquire o Engenho do Meio, na várzea do Rio Capibaribe, a mais importante área produtora de açúcar de Pernambuco. Posteriormente ele passa a capataz e depois sócio do holandês na condução do engenho. Em 1638 Stachouwer, que agora possuía três engenhos, retorna à Holanda fazendo de Vieira seu procurador, estando este cada vez mais ligado aos invasores.

Agora senhor de engenho, Vieira consegue dos holandeses liberação para agenciar o comercio de açúcar com a Companhia das Índias Ocidentais, além da captura de escravos fugidos. Posteriormente ele obtem a concessão para a cobrança de diversos impostos para os holandeses. Também tinha concessão para a exploração do valioso pau-brasil.

Em 1640 João Fernandes Vieira representa os moradores portugueses da Várzea na assembléia convocada por Maurício de Nassau para tratar de assuntos administrativos da conquista, principalmente a fúria dos campanhistas que, havia alguns anos, circulavam pelo interior destruindo lavouras, engenhos e atacando as tropas invasoras.

Ao mesmo tempo que vai aumentando seus negócios e prestígio junto aos senhores da Nova Holanda, contrai dívidas de proporções gigantescas. É eleito escabino de Maurícia em 1641 ocupando o cargo por dois mandatos.

Observando a situação das dívidas dos senhores de engenho e outros negociantes, a WIC determina a Nassau e ao governo no Recife a cobrança das obrigações à Companhia. Os devedores alegam diversos fatores negativos à produção de açúcar na época (1641–1642) que não possibilitavam o saldamento dos empréstimos e impostos. Houve inundações devido às chuvas torrenciais, mortandade de escravos por epidemia de bexiga e praga de insetos nas lavouras. João Fernandes Vieira fica em posição delicada pois além de senhor de engenho, era cobrador de impostos. Sua dívida era a segunda maior entre os devedores da WIC no Brasil holandês.

Assim, começa a ser preparada a Insurreição Pernambucana a partir da várzea do Capibaribe. Apesar de intimamente ligado aos holandeses, Fernandes Vieira sempre procurou ajudar aos da terra, libertando aqueles presos e alguns já condenados à morte, através de elevadas somas entregues às autoridades do governo do Brasil holandês. 

Nesse meio tempo, em 1643, casou-se Vieira com D. Maria Cesar, filha de Francisco Berenguer de Andrade, também senhor de engenho, que havia sido preso em 1638 por suspeita de traição contra os neerlandeses.

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