sábado, 1 de março de 2014

A Batalha pelo Recife

Após desembarcar tropas em Pau Amarelo em 14 de fevereiro de 1630 e conquistar Olinda dois dias depois, a esquadra neerlandesa da Companhia das Índias Ocidentais (WIC) ataca o Recife, batendo com sua artilharia o Forte do Mar e o Forte de São Jorge que defendiam a barra do porto. O soldado Ambrosio Richshoffer, natural de Strasburgo, Alemanha e alistado na WIC, descreve os combates pela conquista da aldeia Povo, como era chamado o Recife de então:

Durante os dias 18 e 19 o Sr. General continuou bombardeando os fortes; fez seguir dois navios para a entrada do porto para reconhecerem se era possível penetrar nele com iates ou outras embarcações. Em seguida ordenou que seis navios deviam bater continuamente o grande forte de São Jorge.

O inimigo, porém, percebendo nossa intenção, meteu a pique na entrada do porto, vários navios carregados com açúcar e fumo, os quais, quando o açúcar se dissolveu, flutuaram até ficarem em seco. Por este motivo os nosso foram obrigados a retirarem-se, tendo sofrido avarias.

O Sr. General, com demais navios grandes, teve que fazer-se ao largo durante a noite e colocar-se fora do alcance dos tiros dos fortes; estando muitos dos navios tão varados de balas que se podia ver através dos dois costados, e perdendo muitos tripulantes, cabeças, braços e pernas, tão nutrido o canhoneio. Devido ao movimento das vagas, em constante agitação nas vizinhanças dos fortes, os artilheiros de bordo não puderam fazer tiros certeiros; causaram contudo considerável dano ao inimigo.

Dia 20, cerca de 100 homens atacaram o Forte de São Jorge na escuridão da noite, mas suas escadas não eram longas o suficiente para vencer as muralhas do forte e eles foram repelidos, perdendo quase a metade da força entre mortos e feridos. Os invasores decidem então instalar trincheiras cercando o forte português com 500 mercenários da WIC sob o comando do tenente-coronel van der Elst. A 28, três meios-canhões da frota são desembarcados e instalados na trincheira holandesa aumentando o poder do ataque.

Apesar da bravura dos luso-brasileiros contra a enorme força invasora, a maior a cruzar o equador até então, os navios holandeses em conjunto com a infantaria e a artilharia de campanha conseguiram cercar e vencer as defesas do porto, sendo assinado um acordo de rendição em 02 de março de 1630.