quarta-feira, 13 de julho de 2011

Os Judeus no Brasil Holandês

Com a conquista de Pernambuco pelos holandeses, os judeus que viviam em grande número na Holanda, vindos principalmente de Portugal e Espanha além de outras partes da Europa como Alemanha e Polonia, fugindo da Inquisição, vislumbraram boas oportunidades no Brasil e passaram a emigrar para o Recife. Alguns cristãos-novos que já residiam em Pernambuco re-assumiram sua condição judaica sob o domínio e tolerância dos invasores da Cia. das Índias Ocidentais.

A partir da consolidação das conquistas no Brasil, o contingente de judeus cresceu e eles se estabeleceram como empreendedores em diversos ramos como o comércio do açúcar e do tabaco, cobrança de impostos, empréstimo de dinheiro e tráfico de escravos. A maioria dominava tanto o português quanto o holandês o que lhes conferiam imenso diferencial nos negócios. Tinham seu próprio cemitério, escolas e organizações de ajuda às viúvas e órfãos.

Em 1636, os principais comerciantes judeus compraram um terreno no Recife onde se instalaram. O local ficou conhecido como Jodenstraat ou Rua dos Judeus. Com a expulsão dos holandeses, foi rebatizada como Rua do Bom Jesus.

Chegando ao Recife em 1637, Nassau procurou desenvolver a tolerância entre os holandeses (calvinistas), portugueses (católicos) e judeus com o objetivo de incrementar o comércio e a paz entre esses povos. Segundo o professor Ronaldo Vainfas: "o conde de Nassau foi, sobretudo, um administrador de conflitos na sociedade pernambucana".

Nassau teve tanto sucesso na sua política com os judeus que estes, ao saberem de sua volta para a Europa, ofereceram ao conde, caso ele permanecesse no cargo, uma doação mensal de três mil florins, segundo o documento chamado Petição da Nação Hebraica.

terça-feira, 5 de julho de 2011

História dos Feitos Recentemente Praticados...

Tendo voltado para a Europa em 1644, Nassau encarregou o historiador e poeta belga Caspard van Baerle, mais conhecido pelo nome latino de Gaspar Barleus, de escrever um relato de suas atividades à frente do Brasil holandês.

Rervm per octennivm in Brasilia et alibi nuper gestarum, sub praefectura Illustrissimi Comitis I. Mavritti Nassoviae & c. Comitis, nunc Vesaliae Gubernatoris & Equitatus Foederatorum Belgii Ordd. sub Avriaco Ductoris (História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil e noutras partes sob o governo do Ilustríssimo Conde J. Maurício de Nassau, ora Governador de Wesel, Tenente-General da Cavalaria das Províncias Unidas, sob o Príncipe de Orange) foi publicado em latim em 1647 através da renomada tipografia Ioannis Blaeu de Amsterdã.

Mesmo nunca tendo estado no Brasil, Barleus teve acesso aos arquivos de Nassau e produziu um dos mais belos e importantes livros sobre o Brasil holandês e do século XVII, ricamente ilustrado com desenhos e mapas.

Originalmente o livro tinha 340 páginas no formato 49x29 cm, com 56 ilustrações, sendo 27 de Frans Post, mapas de Georg Marcgrave, um mapa de Cornelis Golijath e um retrato de Nassau por Theodoro Matham. Além de aspectos do Brasil, contém informações da África e do Chile. Nassau enviou exemplares da obra para diversos nobres europeus como divulgação de seus feitos nas terras de além-mar.

Foram publicadas edições em alemão (1659), holandês (1923) e português (1940). Em 1980 foi publicada uma edição pela fundação de Cultura da Cidade do Recife em homenagem ao terceiro centenário da morte de Nassau. O Instituto Ricardo Brennand possui dois exemplares desta obra, sendo um de 1659 e outro de 1660.