sábado, 24 de dezembro de 2016

A Fortaleza de Nossa Senhora dos Remédios

Descoberto o arquipélago de Fernando (ou Fernão) de Noronha entre 1501 e 1503, foi registrado em documentos em 10 de agosto de 1503, por Américo Vespúcio. O navio capitânia da expedição, de Gonçalo Coelho, afundou nos arrecifes do local.

A ilha serviu de entreposto para o comércio de pau-brasil com a Europa até 1512, quando a licença concedida pela Coroa portuguesa a Fernão de Noronha venceu e esta assumiu o controle dos negócios daquela madeira de tinturaria. A família de Noronha, no entanto, continuou com a posse da capitania até 1560.

Em 1629 o comandante holandês Cornelis Corneliszoon Jol, De Houtebeen (o perna-de-pau) invadiu as ilhas. Os neerlandeses tentaram povoar a ilha principal, que era desabitada, e introduzir o cultivo de alimentos, ficando até 1654, quando foram expulsos do Brasil. Na época da invasão, foi construído um fortim no alto de um penhasco de 45 m de altura, na parte norte da ilha, dominando o local mais apropriado para atracação das embarcações.

Em 1631 o arquipélago foi arrendado a Michel de Pavw, sendo citada em alguns documentos como Pavonia.

O primitivo forte português foi erguido, após a saída dos invasores, sobre o antigo fortim holandês, com aproveitamento da topografia do local. Em 1736 a ilha foi novamente invadida, agora pelos franceses e retomada pelos portugueses em 1737. Nesse mesmo ano, com um projeto do engenheiro militar Diogo Silveira Veloso, foi iniciada a construção do Forte dos Remédios, um polígono irregular em pedra e cal.

O forte sofreu melhoramentos e ampliações, até que em 1877 foi transformado em prisão civil, apesar de continuar artilhado.

A fortaleza foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 11 de novembro de 1937. Ainda assim, serviu como local de detenção para presos políticos durante o Estado Novo e como guarnição militar brasileira e norte-americana durante a 2ª Guerra Mundial.

Em 1988, o arquipélago de Fernando de Noronha foi declarado Parque Nacional e em 2001, reconhecido pela Unesco como Patrimônio Natural Mundial por acolher áreas de alimentação e reprodução de aves, peixes e mamíferos marinhos. Recentemente a Fortaleza de Nossa Senhora dos Remédios sofreu obras de restauração através do projeto PAC Cidades Históricas. 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Recife e o início das ciências no hemisfério sul

Com a chegada de Maurício de Nassau ao Recife em 1637 começou o registro sistemático da natureza das capitanias do norte do Brasil. Na corte do Conde de Nassau havia a presença de artistas e cientistas que tinham a missão de levar para a Holanda os detalhes da geografia, fauna, flora e habitantes das terras conquistadas pelos mercenários da Companhia das Índias Ocidentais - WIC.

Em 1638 chega ao Brasil um jovem alemão da cidade de Liebstadt que iria introduzir os conceitos da moderna ciência na Nova Holanda, notadamente na astronomia: George Marcgrave. Havia estudado medicina, botânica, cartografia e astronomia na Universidade de Leiden, Holanda e vinha recomendado por Joannes de Laet, geógrafo e diretor da WIC.

Com o apoio de Nassau, Marcgrave montou um observatório astronômico na primeira casa do Conde no Recife, fazendo o registro documentado de diversos eventos celestes, além de outros observados em alguns pontos nas capitanias conquistadas pelos neerlandeses. Dentre seus feitos mais importantes destaca-se o registro de um eclipse lunar no Recife na noite de 20 de dezembro de 1638, cujos dados serviram para Marcgrave calcular a longitude do Recife com extrema precisão levando-se em conta a precariedade dos instrumentos da época. Com isso foi possível determinar a distância entre o Recife e as cidades da Europa, informação importantíssima para a navegação no Atlântico.

O Dr. Oscar Matsuura, astrofísico, escreveu:

O naturalista e cosmógrafo alemão Marcgrave, ficou muito conhecido por seus trabalhos em história natural e cartografia publicados após sua morte.

Para o Brasil, embora as atividades astronômicas de Marcgrave tenham ocorrido sob dominação estrangeira, o seu resgate histórico deve nos interessar por se tratar de um episódio ocorrido em nosso território, e que não deixa de se constituir no fato fundador da ciência em nosso país. Com efeito, o complexo formado pelo observatório astronômico de Marcgrave no Recife, pelos jardins botânico e zoológico do museu de historia natural, atuou como um campus avançado da Universidade de Leiden para observação da natureza do Novo Mundo. O observatório foi o primeiro do Brasil, das Américas e do hemisfério sul com edificação própria, com instrumentos de grande porte e de ultima geração na época.” (História da Astronomia no Brasil,  vol I – CEPE, 2014).

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Gestores políticos do Brasil holandês

10. fev.1630
5.mai.1630
Governador
Hendrick Corneliszoon Lonck
14.mar.1630
dez.1632
Conselho Político
Johan de Bruyne
Philips Serooskerken
Horatio Calendrini
Johannes van Walbeeck
Servaes Carpentier
5.mai.1630
9.mar.1633
Governador
Diederik van Waerdernburch
jan.1633
1.set.1634
Diretoria delegada
Mathijs van Keulen
2.set.1634
1638
Conselho Político
Servaes Carpentier
Willem Scholte
Jacob Stachouwer
Balthasar Wijntges
Ippo Eyssens
28.jan.1637
6.mai.1644
Governador e Capitão general de terra e mar
Johann Moritz von Nassau-Siegen
28. jan.1637
6.mai.1644
Alto e Secreto Conselho
Mathias van Ceulen
Johan Gysselingh
Adriaen van der Dussen
Hendrick Hamel
Dirck Codde van den Burgh
Adrian van Bullestraten
6.mai.1644
15.ago.1646
Alto e Secreto Conselho
Hendrick Hamel
Adriaen van Bullestraten
Dirck Codde van den Burgh
Pedro S. Bas
16.ago.1646
27.jan.1654
Alto Governo
Michel van Goch
Simon van Beaumont
Walter van Schonenburgh
Hendrik Haecxs