quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Francisco Augusto Pereira da Costa

Um homem do século XIX, mas que até hoje inspira aqueles que amam a história e a cultura de Pernambuco, Pereira da Costa nasceu no dia 16 de dezembro de 1851 em casa da Rua Ulhoa Cintra, antiga Rua Bela, no tradicional bairro de Santo Antônio, Recife.

Seu desejo era cursar Direito na prestigiada Faculdade de Direito do Recife, mas de família humilde, não tinha recursos para tanto. Foi trabalhar numa livraria na Rua do Imperador, no mesmo bairro onde nascera, e aí teve contato com os livros, os instrumentos de que nunca mais se separou. Naquele ambiente intelectual, também teve a oportunidade de conhecer pessoas e ideias que estavam na vanguarda do pensamento filosófico, político e cultural da sociedade pernambucana e brasileira da época, afinal, estávamos há apenas alguns anos das revoluções de 1817, 1824 e 1848. Além de usar o pouco que ganhava para conseguir os livros que desejava, também se associou ao Gabinete Português de Leitura, tendo acesso à sua imensa biblioteca. Em 1867 recebeu do próprio general Abreu e Lima um exemplar do seu livro Sinopse da História do Brasil.

Em 1871 Pereira da Costa consegue uma colocação na repartição de Obras Públicas, em seguida na Secretaria de Governo e depois na Câmara de Deputados. Com mais tempo para dedicar-se à pesquisa ele começa a publicar seus trabalhos, sendo o primeiro no Diário de Pernambuco em 5 de agosto de 1872. Ao mesmo tempo trabalhava como escriturário no Instituto Archeológico e Geographico Pernambucano, absorvendo ainda mais conhecimentos.

Como funcionário público, ele passou a ter o acesso facilitado aos arquivos de instituições governamentais e religiosas, onde pacientemente recolhia informações pormenorizadas sobre fatos e pessoas da nossa história. Pereira da Costa teve a oportunidade de acompanhar de perto o movimento abolicionista, com Joaquim Nabuco, Castro Alves, José Mariano e Tobias Barreto.

Finalmente em 1876, o grande recifense foi admitido como sócio do Instituto Archeológico, tendo seu discurso de posse como tema: Maurício de Nassau e a Presença Holandesa em Pernambuco. Esse assunto foi bastante estudado e publicado por Pereira da Costa no Jornal do Recife e principalmente na Revista do Instituto Archeológico. Em 1887 passou a ser sócio benemérito do Instituto, onde permaneceu como ativo colaborador por 47 anos, até sua morte, quando foi promovida uma sessão fúnebre em sua memória. Alguns de seus trabalhos inéditos foram publicados na RIAHGP por vários anos após seu falecimento.

Em 1884 Pereira da Costa é convidado pelo presidente da então província do Piauí para fazer um levantamento completo dos recursos naturais, humanos e de infraestrutura da província, cujo resultado foi publicado em 1885.

No campo da política, Pereira da Costa foi conselheiro municipal do Recife e deputado estadual por sete mandatos. Defendeu a devolução à Pernambuco do território da Comarca do Sertão, nas margens do Rio São Francisco e propôs a mudança do brasão de armas de Pernambuco e de sua bandeira em 1911.

Francisco Augusto Pereira da Costa faleceu em 21 de novembro de 1923, apesar de seu enorme prestígio, tendo recebido premiações no Brasil e no exterior, ainda como pessoa de poucas posses e morando em casa alugada em Afogados, onde morreu.

Pesquisador extremamente dedicado, seus trabalhos mais importantes são: Dicionário Biográfico de Pernambucanos Célebres (1882), Folk-Lore Pernambucano (1908), Anais Pernambucanos (1951), Vocabulário Pernambucano (1976) e Arredores do Recife (1981). Anais Pernambucanos, publicado após sua morte, foi sua obra máxima com cerca de 5.000 páginas contando a história de Pernambuco de 1493 a 1850. 

O escritor, jornalista e historiador recifense Manuel de Oliveira Lima o chamava de “o mestre de todos nós”. Pereira da Costa foi membro fundador da Academia Pernambucana de Letras onde ocupava a cadeira n° 9.