A real origem deste importante
personagem da Insurreição Pernambucana é controversa. A maioria dos pesquisadores afirma que ele nasceu
em 1613 em Funchal, Ilha da Madeira. Enquanto
uns dizem ser de família nobre, outros registram que tinha origem muito humilde,
sendo o seu pai um degredado português e sua mãe uma negra. Segundo o
pesquisador Rodrigo de Lima Felner seu verdadeiro nome seria Francisco de
Ornelas Muniz Filho.
Descrito como mulato por vários
autores, emigrou para Pernambuco onde chegou em 1624, tornado-se empregado de
um marchante. Com a invasão holandesa em fevereiro de 1630, passa a combater os invasores,
inclusive na defesa do Forte de São Jorge até sua tomada pelos neerlandeses em
02 de março.
Fernandes Vieira torna-se encarregado
da distribuição de víveres às tropas luso-brasileiras, seguindo depois para o
Arraial do Bom Jesus na mesma função até a rendição daquela fortificação em
1635. Vieira preferiu ficar no convivio dos holandeses a fugir com Matias de
Albuquerque para o sul da capitania.
Estreitando relacionamento com o
conselheiro político Jacob Stachouwer, Vieira consegue tornar-se seu criado
quando o holandês adquire o Engenho do Meio, na várzea do Rio Capibaribe, a
mais importante área produtora de açúcar de Pernambuco. Posteriormente ele
passa a capataz e depois sócio do holandês na condução do engenho. Em 1638
Stachouwer, que agora possuía três engenhos, retorna à Holanda fazendo de
Vieira seu procurador, estando este cada vez mais ligado aos invasores.
Agora senhor de engenho, Vieira
consegue dos holandeses liberação para agenciar o comercio de açúcar com a
Companhia das Índias Ocidentais, além da captura de escravos fugidos.
Posteriormente ele obtem a concessão para a cobrança de diversos impostos para
os holandeses. Também tinha concessão para a exploração do valioso pau-brasil.
Em 1640 João Fernandes Vieira
representa os moradores portugueses da Várzea na assembléia convocada por
Maurício de Nassau para tratar de assuntos administrativos da conquista,
principalmente a fúria dos campanhistas que, havia alguns anos, circulavam pelo
interior destruindo lavouras, engenhos e atacando as tropas invasoras.
Ao mesmo tempo que vai aumentando
seus negócios e prestígio junto aos senhores da Nova Holanda, contrai dívidas
de proporções gigantescas. É eleito escabino de Maurícia em 1641 ocupando o cargo
por dois mandatos.
Observando a situação das dívidas
dos senhores de engenho e outros negociantes, a WIC determina a Nassau e ao governo no Recife a cobrança das
obrigações à Companhia. Os devedores alegam diversos fatores negativos à
produção de açúcar na época (1641–1642) que não possibilitavam o saldamento dos
empréstimos e impostos. Houve inundações devido às chuvas torrenciais,
mortandade de escravos por epidemia de bexiga e praga de insetos nas lavouras. João
Fernandes Vieira fica em posição delicada pois além de senhor de engenho, era
cobrador de impostos. Sua dívida era a segunda maior entre os devedores da WIC no Brasil holandês.
Assim, começa a ser preparada a
Insurreição Pernambucana a partir da várzea do Capibaribe. Apesar de intimamente
ligado aos holandeses, Fernandes Vieira sempre procurou ajudar aos da terra,
libertando aqueles presos e alguns já condenados à morte, através de elevadas
somas entregues às autoridades do governo do Brasil holandês.
Nesse meio tempo, em 1643, casou-se Vieira com D. Maria Cesar, filha de Francisco Berenguer de Andrade, também senhor de engenho, que havia sido preso em 1638 por suspeita de traição contra os neerlandeses.
Nesse meio tempo, em 1643, casou-se Vieira com D. Maria Cesar, filha de Francisco Berenguer de Andrade, também senhor de engenho, que havia sido preso em 1638 por suspeita de traição contra os neerlandeses.