Como o próprio
Mestre de Apipucos costumava dizer, sua vocação máxima era a de escritor.
Nascido
no Recife em 15 de março de 1900, Gilberto Freyre estudou no então Collegio
Americano Girealth, hoje Colégio Americano Batista. Seguiu então para a
Universidade Baylor, Texas, onde graduou-se em Ciências Políticas e Sociais. Pós-graduou-se em Ciências Políticas, Jurídicas e Sociais na
Universidade de Columbia . Travou contato na América com juristas, economistas, antropólogos,
sociólogos, poetas e filósofos americanos e europeus.
Na
Europa, Freyre esteve na França, Inglaterra, Alemanha e Portugal, conhecendo
museus e participando de diversos cursos, principalmente na área de sociologia.
Recusou cátedras nas universidades de Yale, Harvard, Princeton e Berlin para
dedicar-se ao prazer de escrever, apesar de já ter lecionado em Stanford,
Michigan, Indiana e Virginia. Proferiu conferências e dirigiu seminários em
todos os grandes centros acadêmicos da Europa, Estados Unidos e até em Goa, na
Índia. Em 1935 foi designado professor extraordinário de sociologia na
Faculdade de Direito do Recife e, no mesmo ano, inaugurou as cátedras de
Sociologia, Antropologia Social e Cultural e Pesquisa Social na Universidade do
Distrito Federal, então no Rio de Janeiro.
Foi
membro de inúmeras sociedades e academias internacionais e nacionais de
filosofia, sociologia e antropologia, inclusive do Instituto Arqueológico,
Histórico e Geográfico Pernambucano e do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro. Recebeu vários prêmios e láureas das mais conceituadas universidades
e de países do mundo inteiro. Na política, foi deputado por Pernambuco de 1946
até 1950, membro da Comissão de Educação e Cultura da Câmara Federal, tendo
representado o Brasil na Assembleia Geral da ONU em 1949.
Em 1947
idealiza o Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, hoje Fundação Joaquim
Nabuco – FUNDAJ, que foi fundado dois anos depois, em comemoração ao centenário de
nascimento do grande abolicionista recifense, e está instalado na Av. 17 de
Agosto, em Apipucos, Recife. Atualmente, estão vinculados à FUNDAJ o Museu do
Homem do Nordeste, a Biblioteca Central Blanche Knopf e o Centro Cultural
Engenho Massangana, dentre outros centros de pesquisa e cultura.
Seus
livros foram traduzidos até para as línguas mais distantes de nós como o
iugoslavo, sueco, norueguês e japonês. Desde Casa Grande & Senzala de 1933,
seu mais aclamado trabalho literário, Gilberto Freyre escreveu: Guia Prático,
Histórico e Sentimental da Cidade do Recife (1934), deliciosa declaração de
amor à sua cidade natal; Sobrados e Mucambos (1936); Nordeste (1937); Açúcar
(1939), com receitas da culinária da cultura canavieira nordestina; Olinda – 2°
Guia Prático, Histórico e Sentimental de Cidade Brasileira (1939); Assombrações
do Recife Velho (1955) e New World in the Tropics (1959), entre dezenas de
outros títulos, sem contar com os artigos acadêmicos e ensaios de sua autoria.
Foi
diretor do jornal A Província do Recife, e depois do Diário de Pernambuco por
pouco tempo. Foi colaborador das revistas O Cruzeiro (brasileira), The American
Scholar e Foreign Affairs (americanas), The Listener e Progress (inglesas), Diogène
e Cahiers d’Histoire Mondiale (francesas), Kiklos (suíça) e Kontinent (austríaca).
Considerado
mundialmente como um dos mais importantes sociólogos do século passado, Gilberto Freyre
reunia o imenso saber cientifico com um amor genuíno pela cultura popular,
sendo muitas vezes olhado enviesado pelos acadêmicos puristas e defensores dos
padrões tradicionais da sociedade. Recebeu as mais importantes comendas como a Ordem do Império
Britânico e a Ordem da Legião de Honra da França, além de ter
ocupado a cadeira 23 da mais do que centenária Academia Pernambucana de Letras.
Freyre
combatia a tendência até então vigente de tornar europeia a cultura brasileira,
que tentava esconder as nossas raízes também indígenas e africanas. Ressaltava
a enorme influência portuguesa na América, África e Oriente, criando até um
ramo de estudos que denominou Lusotropicologia, mas defendia e demonstrava que
a nossa sociedade era uma massa bem misturada dos índios, europeus, africanos e
em menor proporção de outros povos do mundo inteiro.
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