Tomou-se a resolução de intentar o Recife,
vila de dois mil vizinhos, posta no areal de uma praia tão apertada, que
rebatendo as ondas com fortes reparos de madeiros e navios velhos, para acrescentarem o lugar, a
alargaram os holandeses, costumados a defenderem a terra contra a violencia do
mar, no sitio parecido a este de seus paises. Goza de ceu benigno, saudavel, em
altura de oito graus da banda do sul. Ao sul tem a cidade Mauricea mais como
bairro apartado que como povoação diferente, por compreender-se no Recife,
cabeça do governo e do comercio; distante so enquanto faz caminho ao Rio
Beberibe, que vadeia uma hermosa ponte, pela qual (levantando o assento de
madeira) passam navios a ancorarem e a dar fundo.
O Beberibe que corre a vila de setentrião ao meio dia, se aparta aqui em dois braços, com um girando em torno de Mauricea a deixa ilha; com outro prosseguindo junto ao Recife, entra ao levante no oceano que o lava por esta parte, onde se estende estreito e dilatado, o recife de pedra que lhe da nome, descobrisse nalguns lugares, noutros quebram neles as aguas, entre o qual e a vila, fica abrigo e surgidouro para muitas embarcações, com barra dificultosa as de alto bordo. So ao norte continua com a terra firme por uma ligua de areia que se alarga menos de quarenta passos do rio ao mar.
Às grandes comodidades de sitio, igualam as defensas da arte. Dividem-se por todas as partes dezoito fortes guarnecidos de muita artilharia e obrados com perfeição, nos postos mais comuns fora da praça. Ve-se esta coberta de trincheiras, diques, e plataformas ao moderno: torres e casas fabricadas tão curiosamente que mostram bem o vagar de vinte e quatro anos que a edificarão os holandeses, criando a outra patria com casais, familias e judeus moradores.
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