O cristão novo português Bento Teixeira chegou ao Brasil em 1567 no Espírito Santo. Era natural da cidade do Porto, tendo nascido em data incerta por volta de 1561. Posteriormente seguiu com seus pais para o Rio de Janeiro e depois para a Bahia onde ficou órfão.
Ele
estudou nas escolas dos padres jesuítas desde sua infância no Espirito Santo até
chegar em Salvador, sendo elogiado por sua dedicação aos estudos dos clássicos
latinos. Tornou-se mestre escola, ensinando a ler e escrever. Também fazia
traduções do latim.
Tendo
casado em Ilhéus com Filipa Raposa, algum tempo depois mudou-se para Olinda e abriu uma escola para moços na Rua Nova, onde leciona leitura, escrita e
as práticas católicas. Como a subvenção que recebia da Câmara de Olinda foi
retirada, transferiu-se para Igarassu. Pelas traições praticadas por sua
esposa, volta para Olinda. Como Filipa continuou com a infidelidade conjugal,
Bento Teixeira vai para o Cabo de Santo Agostinho, onde permanece com a
instrução de jovens.
Pelos
frequentes adultérios de sua esposa, Bento termina por matá-la e procura
refúgio no Mosteiro de São Bento, Olinda. Por desavenças com Frei Damião da
Fonseca, abade daquela casa e assessor do Visitador do Santo Ofício, desconfiava
ele ter sido denunciado pelo abade à Inquisição.
Apresentou-se
espontaneamente em 21 de janeiro de 1594 ao Visitador do Santo Ofício em
Olinda, Heitor Furtado de Mendonça, para confessar suas ações judaizantes.
Diante do que ouviu dele e de outras pessoas, foi preso em 19 de agosto de 1595
por ordem do Visitador. Um mês depois, o preso apresentou um requerimento de
defesa onde pede a ouvida de várias testemunhas que podiam atestar sua fé
católica.
Em 22 de outubro de 1595 Bento Teixeira e outros presos pelo Santo Ofício partiram do Recife para Lisboa, tendo aportado em 01 de janeiro de 1596, sendo transferido sete dias depois para o Paço dos Estaus, sede da Inquisição em Lisboa. Seu processo na Inquisição de n° 5.206 teve início em 28 de fevereiro de 1596 e ouviu várias testemunhas em Lisboa e em Olinda que falaram tanto dos ensinamentos proferidos por Bento Teixeira como de suas discursões ácidas com muitas pessoas de seu convívio.
Receoso
das muitas denunciações feitas contra ele e de não obter o perdão, resolve contar
a verdade. Disse que sua mãe praticava o judaísmo e ele a acompanhava, também
participando de reuniões com judeus, do que pedia perdão. Além dos depoimentos, escreveu algumas confissões aos inquisidores.
Em
03 de dezembro de 1598 foi dado parecer de que o réu deveria ser recebido à
reconciliação da Santa Madre Igreja no cárcere e com uso de hábito penitencial perpétuo,
por ter confessado suas culpas, pedido perdão e mostrar-se arrependido. A
sentença foi lida a Bento Teixeira no Auto de Fé público dia 31 de janeiro de
1599. Ele foi transferido para o cárcere das Escolas Gerais onde “deverá ser
instruído nas coisas da fé necessárias à salvação da sua alma”. Em outubro do
mesmo ano pediu sua soltura, o que lhe foi concedido no dia 30 daquele mesmo
mês. Deveria permanecer morando em Lisboa, donde não poderia sair sem prévia
autorização da Mesa da Inquisição, além de manter o uso do hábito penitencial,
o sambenito.
Bento
Teixeira foi o autor da primeira obra literária escrita no Brasil, em 1593, Prosopopea, dedicada ao governador da
Capitania de Pernambuco, então denominada Nova Lusitânia, Jorge d’Albuquerque
Coelho.
Tendo
falecido em julho de 1600, não viu seu trabalho ser impresso e publicado em
1601 pela oficina de Antônio Alvarez em Lisboa. Apesar de suas questões com o
Santo Ofício, os inquisidores não encontraram coisa que obstasse a publicação
do seu poema épico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário