O Recife não é terra
É mar, é rio, é ponte
É mesmo muito mangue
É frevo e maracatu
O Recife é o arrecife
Tentando conter o mar
Fazendo jangada a
ciranda jogar
Levando peixe e pescador
pra lá e pra cá
O Recife é graviola,
manga e carambola
É cana, cachaça e
caranguejo
Engenho de açúcar e
senzala
É sapoti, pitomba e
mangaba
O Recife não é Veneza
É cheia do Capibaribe, maré
e mangue
Lama, massapê e canavial
No ritmo do vento e do
frevo
Gilberto Freyre e
Reginaldo Rossi
Josué de Castro e Chico
Science
Capiba e Claudionor
Germano
Naná Vasconcelos e
Nassau
Português e holandês
Inglês e italiano
Alemão e turco
Negro, índio e mameluco
Católico e judeu
Muçulmano e umbandista
Calvinista e Batista
Iemanjá e Conceição
Engenho, moenda e carro
de boi
Escravo e feitor
Senhora e senhor
Capela e caldeira, reza e fogueira
Açúcar sem liberdade
Casa grande e pobreza
Ouro branco e grilhão negro
Escravidão e tristeza
Bolo de rolo e beiju
Vinho do Porto e mandioca
Bacalhau e tapioca
Queijo do reino e cocada
Água doce e salobra
Areia e lama cheirando a merda
Mar e maresia
Que depende da Lua, da noite e do dia
E claro, tubarão, que veio ver com certeza
Como a cidade se equilibra
Entre o céu e o mar
Entre o arrecife e o manguezal
Oxe, oxente
Corso, serpentina e confete
Passo e compasso que equilibra
Na frevança que rodopia e desequilibra
Capibaribe e Beberibe
Capivara e arraia
A terra junta pelas pontes
A cidade que surgiu do mangue
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