Porto Calvo, atualmente município de
Alagoas, foi palco de intensas lutas entre luso-brasileiros e neerlandeses pela
posse da região sul da então capitania de Pernambuco.
Distando 170 km ao sul do Recife, Porto Calvo foi povoado pelo alemão de Augsburg, Cristovão Lintz, por volta de 1560, quando percorreu o litoral sul da capitania de Pernambuco. Posteriormente foi erguida uma igreja e dez engenhos de açúcar na região. Servia de pouso para viajantes com destino ao Rio São Francisco. Também era conhecida como Povoação dos Quatro Rios ou de Nossa Senhora da Apresentação.
Em 1630 os holandeses, através da
Companhia das Índias Ocidentais - WIC,
invadem Olinda e o Recife e começam a ocupar as outras povoações de Pernambuco.
Um ano depois, uma frota portuguesa desembarca cerca de mil homens em Barra
Grande, que seguem para Porto Calvo a fim de juntarem-se às tropas de Matias de
Albuquerque. Daí, marcham para o Cabo de Santo Agostinho, porto que ainda
estava em mãos portuguesas. O espião brabantino Adriaen Verdonck, radicado em
Olinda, descreve o povoado de Porto Calvo como grande produtor de gado, que
periodicamente é trazido ao Recife, além do cultivo de fumo.
Uma expedição holandesa chega a Porto Calvo em 1632, procedente de Porto de
Pedras, na foz do Rio Manguaba, que dá acesso àquele povoado. Após apresar
açúcar e outras mercadorias, os invasores queimam os armazéns e voltam ao
Recife. Neste mesmo ano, entra em cena o mais famoso personagem de Porto Calvo,
o mestiço Domingos Fernandes Calabar. Profundo conhecedor da região, das
táticas de guerrilha dos luso-brasileiros e com fácil diálogo com os índios, passa
para o lado neerlandês e começa a levar os invasores a conquistar vitórias em
toda a capitania de Pernambuco e nas terras vizinhas.
Nova incursão neerlandesa na região de Porto Calvo, em 1633, sob comando do
sargento-mor Cloppenburch e acompanhada pelo conselheiro Johan Gijsselingh, apreende
grande estoque de açúcar. Já em 1634 Matias de Albuquerque ordena a construção
de uma fortificação de faxina e terra no povoado. Ainda em 1634, o coronel alemão
Sigmund von Schkoppe e o almirante Lichthart deslocam tropas para aquele local,
onde travam combate com os luso-brasileiros e tomam mais açúcar em Matriz de
Camaragibe, 20 km ao sudoeste de Porto Calvo.
Em 1635 a situação das forças de resistência é desesperadora. O Arraial do
Bom Jesus está cercado e quase sem mantimentos de boca e de guerra. Em Porto
Calvo os mercenários da WIC derrotam
os homens do Conde de Bagnuolo e fortificam o alto onde está a igreja. Em 08 de
junho o Arraial do Bom Jesus rende-se às tropas do coronel Chrestofle
Arciszewski. Matias de Albuquerque, então na região de Vila Formosa, hoje
Serinhaém, recebe os retirantes e forma uma coluna com destino às Alagoas e daí
para a Bahia.
Os neerlandeses, tendo conquistado também o Forte de Nazaré, no Cabo de
Santo Agostinho, seguem para o sul da capitania. Em 19 de julho as tropas de
Matias de Albuquerque tomam o forte de Porto Calvo. Aí prendem Calabar que é
sumariamente julgado e condenado como traidor, sendo garroteado e esquartejado. Seus restos mortais foram pendurados na estacada do povoado. Chegando ao local
dois dias depois com suas tropas, o coronel Arciszewski manda recolher os despojos de Calabar e enterra-los com
honras militares.
No ano seguinte, em 17 de
janeiro, ocorre a batalha de Mata Rendonda, duas milhas ao sul de Porto Calvo. Os
homens de Arciszewski, derrotam os soldados do mestre de campo general D. Luiz
de Rojas y Borjas, que havia substituído Matias de Albuquerque no comando do
exército luso-brasileiro em Pernambuco. Borjas é morto no combate, havendo
relatos de que foi vítima de fogo amigo. Em 12 de abril do mesmo ano, Duarte de
Albuquerque eleva à condição de vila a povoação de Porto Calvo, que passa a se
chamar de Vila do Bom Sucesso.
O Conde Maurício de Nassau aporta no Recife no dia 23 de janeiro de 1637. Apenas
treze dias depois, Nassau ordena o ataque ao exército luso-brasileiro postado ao
sul de Pernambuco. Soldados e índios comandados pelo coronel Von Schkoppe marcham
para Porto Calvo a fim de combater as forças do Conde de Bagnuolo, formadas por
portugueses, espanhóis, napolitanos, índios e negros. Outros oitocentos homens
da WIC seguem por mar, ao comando de
Arciszewski. O comando geral da expedição é do Conde de Nassau. Após três semanas
de combate o grosso das tropas, juntamente com Bagnuolo, foge em direção ao Rio
São Francisco, ficando novamente Porto Calvo em mãos dos neerlandeses.
Em 1645 começa a Insurreição Pernambucana, movimento liderado pelos
senhores de engenho contra o domínio holandês, motivado pelas gigantescas
dívidas deles para com a WIC. Em 16
de agosto os luso-brasileiros cercam o Forte de Porto Calvo, que só se rende
aos insurretos em 17 de setembro. Oito canhões de bronze do forte são enviados
ao Arraial Novo do Bom Jesus, então em construção.
A partir daí, Porto Calvo não mais troca de mão, sendo os holandeses derrotados por completo em 1654, assinando a rendição no Recife.
A partir daí, Porto Calvo não mais troca de mão, sendo os holandeses derrotados por completo em 1654, assinando a rendição no Recife.
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