No dia 11 de maio de 1644 o
Conde de Nassau deixa Mauritsstad com sua comitiva e segue para a Paraíba, de
onde embarcaria em Cabedelo de volta à Europa.
Dentre as diversas pessoas
que o acompanharam, inclusive alguns índios, estava o português Gaspar Dias
Ferreira, seu secretário. Ferreira, cristão-novo nascido em Lisboa, viera ao
Brasil em 1614, estabelecendo-se como comerciante, com vários armazéns no porto
do Recife.
Em 1630 os holandeses
invadem Olinda e o Recife através de uma expedição da WIC – Companhia das
Índias Ocidentais. Gaspar Dias Ferreira é muito prejudicado pela guerra que se
estabelece em Pernambuco e capitanias vizinhas que paralisa os negócios.
Insatisfeitos com o
desenrolar dos acontecimentos na conquista, os Heeren XIX, conselho diretor da WIC,
em conjunto com os Estados Gerais, decidem enviar ao Brasil holandês o Conde Johann
Moritz von Nassau-Siegen como governador e Capitão Geral de Terra e Mar com
plenos poderes para administrar e fazer a guerra contra os portugueses.
Chegando ao Recife em janeiro
de 1637 Nassau contrata Ferreira como seu conselheiro, inclusive no trato com
os judeus. Por influência de Nassau, Ferreira vai tornando-se cada vez mais
poderoso e envolvido em toda sorte de negócios, honestos ou não, conseguindo
comprar dois dos engenhos de açúcar confiscados pelos holandeses. Tornou-se uma espécie de procurador geral do Conde.
A Companhia das Índias
Ocidentais desaprova cada vez mais os gastos crescentes de Nassau com
atividades sem importância aos olhos dos seus diretores. No dia 30 de setembro
de 1643 o Conde Maurício de Nassau recebe o comunicado de sua dispensa do cargo
de governador da Nova Holanda. Gaspar Dias Ferreira já havia percebido que os
neerlandeses não conseguiriam manter suas conquistas no Brasil após o retorno
de Nassau à Europa e decide acompanhar seu protetor.
Nassau chega à Holanda e
apresenta relatório aos Estados Gerais mostrando a difícil situação da
conquista no Brasil, enfatizando a necessidade de investimento para manutenção
dos territórios. No início de 1645 Gaspar Dias Ferreira consegue a cidadania
neerlandesa.
Ferreira intencionava manter
seus negócios no Brasil e em 20 de julho de 1645 envia uma carta ao Rei D. João
IV descrevendo as riquezas brasileiras e o muito que representavam para a Coroa
lusitana. Seu plano era que Portugal pagasse uma indenização às Províncias
Unidas dos Países Baixos para reaver os territórios perdidos na invasão. No
entanto, sua boa sorte acaba um mês depois, quando em um navio apresado pela WIC com destino a Portugal são
encontradas cartas dele ao Rei português tratando da negociação para devolução
da Nova Holanda a Portugal.
Em 26 de outubro Gaspar Dias
Ferreira é preso na Holanda acusado de alta traição. Seu julgamento é realizado
em maio de 1646 e ele é condenado a sete anos de trabalhos forçados e multa de
12 mil florins. Após cumprir a sentença seria deportado dos Países Baixos. No
entanto, usando de sua influência e dinheiro, Ferreira consegue fugir da prisão
em 1649 subornando a guarda da prisão e seguindo para Portugal.
Em sua terra natal, Gaspar Dias Ferreira
continua a tirar proveito de suas relações com pessoas da Coroa, passando a ser
conselheiro do Rei e posteriormente cavaleiro da Ordem de Cristo e da Casa
Real. Faleceu em 1656.
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