Bandeira da Revolução de 1817, criada pelo padre João Ribeiro Pessoa de Melo Montenegro e desenhada pelo pintor Antônio Alves. As estrelas representam Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Espaço dedicado à cidade do Recife, ao período do Brasil holandês e ao príncipe Johann Moritz von Nassau-Siegen
O Recife não é terra
É mar, é rio, é ponte
É mesmo muito mangue
É frevo e maracatu
O Recife é o arrecife
Tentando conter o mar
Fazendo jangada a
ciranda jogar
Levando peixe e pescador
pra lá e pra cá
O Recife é graviola,
manga e carambola
É cana, cachaça e
caranguejo
Engenho de açúcar e
senzala
É sapoti, pitomba e
mangaba
O Recife não é Veneza
É cheia do Capibaribe, maré
e mangue
Lama, massapê e canavial
No ritmo do vento e do
frevo
Gilberto Freyre e
Reginaldo Rossi
Josué de Castro e Chico
Science
Capiba e Claudionor
Germano
Naná Vasconcelos e
Nassau
Português e holandês
Inglês e italiano
Alemão e turco
Negro, índio e mameluco
Católico e judeu
Muçulmano e umbandista
Calvinista e Batista
Iemanjá e Conceição
Engenho, moenda e carro
de boi
Escravo e feitor
Senhora e senhor
Capela e caldeira, reza e fogueira
Açúcar sem liberdade
Casa grande e pobreza
Ouro branco e grilhão negro
Escravidão e tristeza
Bolo de rolo e beiju
Vinho do Porto e mandioca
Bacalhau e tapioca
Queijo do reino e cocada
Água doce e salobra
Areia e lama cheirando a merda
Mar e maresia
Que depende da Lua, da noite e do dia
E claro, tubarão, que veio ver com certeza
Como a cidade se equilibra
Entre o céu e o mar
Entre o arrecife e o manguezal
Oxe, oxente
Corso, serpentina e confete
Passo e compasso que equilibra
Na frevança que rodopia e desequilibra
Capibaribe e Beberibe
Capivara e arraia
A terra junta pelas pontes
A cidade que surgiu do mangue
O cristão novo português Bento Teixeira chegou ao Brasil em 1567 no Espírito Santo. Era natural da cidade do Porto, tendo nascido em data incerta por volta de 1561. Posteriormente seguiu com seus pais para o Rio de Janeiro e depois para a Bahia onde ficou órfão.
Ele
estudou nas escolas dos padres jesuítas desde sua infância no Espirito Santo até
chegar em Salvador, sendo elogiado por sua dedicação aos estudos dos clássicos
latinos. Tornou-se mestre escola, ensinando a ler e escrever. Também fazia
traduções do latim.
Tendo
casado em Ilhéus com Filipa Raposa, algum tempo depois mudou-se para Olinda e abriu uma escola para moços na Rua Nova, onde leciona leitura, escrita e
as práticas católicas. Como a subvenção que recebia da Câmara de Olinda foi
retirada, transferiu-se para Igarassu. Pelas traições praticadas por sua
esposa, volta para Olinda. Como Filipa continuou com a infidelidade conjugal,
Bento Teixeira vai para o Cabo de Santo Agostinho, onde permanece com a
instrução de jovens.
Pelos
frequentes adultérios de sua esposa, Bento termina por matá-la e procura
refúgio no Mosteiro de São Bento, Olinda. Por desavenças com Frei Damião da
Fonseca, abade daquela casa e assessor do Visitador do Santo Ofício, desconfiava
ele ter sido denunciado pelo abade à Inquisição.
Apresentou-se
espontaneamente em 21 de janeiro de 1594 ao Visitador do Santo Ofício em
Olinda, Heitor Furtado de Mendonça, para confessar suas ações judaizantes.
Diante do que ouviu dele e de outras pessoas, foi preso em 19 de agosto de 1595
por ordem do Visitador. Um mês depois, o preso apresentou um requerimento de
defesa onde pede a ouvida de várias testemunhas que podiam atestar sua fé
católica.
Em 22 de outubro de 1595 Bento Teixeira e outros presos pelo Santo Ofício partiram do Recife para Lisboa, tendo aportado em 01 de janeiro de 1596, sendo transferido sete dias depois para o Paço dos Estaus, sede da Inquisição em Lisboa. Seu processo na Inquisição de n° 5.206 teve início em 28 de fevereiro de 1596 e ouviu várias testemunhas em Lisboa e em Olinda que falaram tanto dos ensinamentos proferidos por Bento Teixeira como de suas discursões ácidas com muitas pessoas de seu convívio.
Receoso
das muitas denunciações feitas contra ele e de não obter o perdão, resolve contar
a verdade. Disse que sua mãe praticava o judaísmo e ele a acompanhava, também
participando de reuniões com judeus, do que pedia perdão. Além dos depoimentos, escreveu algumas confissões aos inquisidores.
Em
03 de dezembro de 1598 foi dado parecer de que o réu deveria ser recebido à
reconciliação da Santa Madre Igreja no cárcere e com uso de hábito penitencial perpétuo,
por ter confessado suas culpas, pedido perdão e mostrar-se arrependido. A
sentença foi lida a Bento Teixeira no Auto de Fé público dia 31 de janeiro de
1599. Ele foi transferido para o cárcere das Escolas Gerais onde “deverá ser
instruído nas coisas da fé necessárias à salvação da sua alma”. Em outubro do
mesmo ano pediu sua soltura, o que lhe foi concedido no dia 30 daquele mesmo
mês. Deveria permanecer morando em Lisboa, donde não poderia sair sem prévia
autorização da Mesa da Inquisição, além de manter o uso do hábito penitencial,
o sambenito.
Bento
Teixeira foi o autor da primeira obra literária escrita no Brasil, em 1593, Prosopopea, dedicada ao governador da
Capitania de Pernambuco, então denominada Nova Lusitânia, Jorge d’Albuquerque
Coelho.
Tendo
falecido em julho de 1600, não viu seu trabalho ser impresso e publicado em
1601 pela oficina de Antônio Alvarez em Lisboa. Apesar de suas questões com o
Santo Ofício, os inquisidores não encontraram coisa que obstasse a publicação
do seu poema épico.
08/05/1624 |
Invasão de Salvador pelos holandeses |
01/05/1625 |
Holandeses em Salvador rendem-se às
tropas luso-espanholas vindas da Europa |
14/02/1630 |
Esquadra neerlandesa chega a Pau
Amarelo para invasão de Pernambuco |
24/11/1631 |
Incêndio de Olinda pelas tropas da WIC |
20/04/1632 |
Deserção de Domingos Fernandes Calabar |
20/06/1633 |
Holandeses ocupam a Vila da Conceição
em Itamaracá |
12/12/1633 |
Conquista do Forte dos Reis Magos, Rio
Grande, pelos neerlandeses |
30/12/1634 |
Holandeses conquistam Filipéia de Nossa
Senhora das Neves, Paraíba |
08/06/1635 |
Tomada do Arraial do Bom Jesus pelos
holandeses |
02/07/1635 |
Neerlandeses ocupam o Forte de Nazaré
no Cabo de Santo Agostinho |
17/01/1636 |
Conquista das Alagoas pelos holandeses
na batalha de Mata Redonda |
23/01/1637 |
Chegada do Conde João Maurício de Nassau-Siegen
ao Recife |
08/04/1638 |
Expedição de Nassau parte do Recife
para atacar Salvador |
25/05/1638 |
A expedição de Nassau retorna de
Salvador sem sucesso |
27/08/1640 |
Assembleia no Recife com Nassau e
representantes portugueses de toda conquista |
25/08/1641 |
Neerlandeses conquistam São Paulo de
Luanda em Angola |
11/05/1644 |
Comitiva do Conde de Nassau parte para
Cabedelo, para dali voltar à Europa |
03/08/1645 |
Batalha do Monte das Tabocas |
17/08/1645 |
Batalha de Casa Forte |
19/04/1648 |
1ª Batalha dos Guararapes |
18/02/1649 |
2ª Batalha dos Guararapes |
20/12/1653 |
Chega ao litoral pernambucano frota
da Cia Comércio do Brasil, para cercar o Recife pelo mar. |
26/01/1654 |
Assinada a rendição dos holandeses na
Campina do Taborda |
Minha sugestão é que o Rio Grande deve ser ocupado por não menos de 200 homens. No Rio Mamanguape deve ser construído um forte para uma guarnição de 100 homens pois lá é o local ideal para que o inimigo desembarque seus marinheiros, bem no meio de nossas províncias, sendo bem próximo à Traição o que seria imensamente prejudicial à Paraíba, que fica bem próxima, caso o inimigo nos ataque de surpresa nessa região.
Na
Paraíba e nos três fortes que lá estão, eu julgo serem necessários 600 homens.
Na Ilha de Itamaracá e em Goiana, ao menos 300 homens. No Recife e nos fortes
ao seu redor, destruindo o Afogados e outras fortificações inúteis, 700 homens.
No Cabo de Santo Agostinho, eu gostaria que tudo fosse destruído, não mantendo
mais do que um forte dominando o porto. Mas como as pessoas não tem vontade nem
meios de construir, deve ser mantido o forte Gijsselingh que lá já existe, tal
como está, com uma guarnição de 150 homens.
Com
o tempo, não se deve fazer muito com o forte de Porto Calvo, recém conquistado,
pois naquele mesmo lugar, tal como atualmente se localiza, não pode ser
socorrido, a não ser quando se é senhor do campo. Caso o inimigo chegue com
grande força na região, como nós fizemos, ficará perdido e isolado, juntamente
com toda a artilharia. Será muito melhor que seja demolido e que Sua Excelência
erga um forte próximo ao porto, na praia com uma guarnição de 150 homens: essa
poderá, ao menos, ser socorrida pelo mar.
No
porto Francês ou na sua vizinhança, para manter livre as Alagoas, Sua Excelência
deve construir um forte para guarnição de 100 homens. No Rio São Francisco existem
dois lugares que oferecem possibilidade de entrada e neles devem ser
construídos dois fortes, cada um com 150 homens de guarnição. E isso é o mínimo
que Sua Excelência deve fazer para defender o Rio São Francisco, e também deve
ter, ao menos, um exército móvel com cerca de 400 homens. Tudo isso junto,
forma um total de 3 mil homens. O resto das tropas Sua Excelência pode dirigir
sem preocupação para fora do Rio São Francisco, pois acredita-se que fora dele
não esteja mais ocupado, e assim pilhar a região e buscar conseguir a
manutenção e o butim para a soldadesca. Mas sempre devem ser estar preparados
para retornar a Pernambuco, caso cheguem informações de que o inimigo se
aproxima pelo mar. Nesse interim, deve se pensar estratégias e tomar medidas
para se atacar a Bahia.
Trecho
final das Memórias de Krzysztof Arciszewski, oficial polonês que esteve a
serviço da WIC no Brasil holandês
desde o início da invasão. Em 1637 volta à Europa e deixa para o Conde de
Nassau um documento onde relata a situação da conquista e providencias a serem
tomadas para a correta manutenção e expansão do território ocupado no Nordeste
do Brasil.