domingo, 12 de agosto de 2012

O Real do Bom Jesus

Após o desembarque e conquista de Olinda e Recife pelos holandeses, as tropas luso-brasileiras sob comando de Matias de Albuquerque fogem em direção ao interior.

Para fazer frente aos invasores e impedir a conquista dos engenhos de açúcar mais afastados do litoral, Albuquerque determina ainda em 1630 a construção de um ponto forte em uma pequena elevação equidistante uma légua da vila (Olinda) e do porto (Recife), na casa que pertencia a Antônio de Abreu.

Segundo Diogo Lopes Santiago em História da Guerra de Pernambuco:
e para isso buscou um sítio acomodado em um outeiro aonde trabalhou tanto que em breve se fez, cercando-o de uma forte trincheira, com seus terraplanos, parapeitos, plataformas e esplanadas, donde se descortinasse o campo, fazendo-lhe duas cavas bem alteadas e fundas, e junto delas edificaram muitos moradores suas casas, para que com seu amparo pudessem ficar seguros do inimigo, e assim se fez em breve uma razoada povoação, fortificou e forneceu esta força com artilharia, em que havia algumas peças de bronze.

O local foi batizado de Forte Real do Bom Jesus ou Arraial do Bom Jesus. Deste ponto partiam os Terços de Emboscada, pequenos destacamentos que, utilizando táticas de guerrilha, atacavam as tropas holandesas que se aventuravam fora dos limites do Recife para coletar alimentos e lenha.

A partir de 1632 com a conquista de diversos pontos ao redor e do acesso ao rio Capibaribe, os holandeses montaram um cerco fechado ao Arraial e após baterem com sua artilharia demoradamente as defesas, obrigaram a rendição dos ocupantes do Forte Real no dia 08 de junho de 1635. Os sitiados não tinham mais nenhuma munição de guerra ou de boca, já tendo inclusive consumido os animais domésticos como cães, gatos e cavalos.

Foi assinado um acordo de rendição em que os holandeses, comandados pelo coronel polonês Chrestofle Arciszewski, garantiam aos luso-brasileiros sua vida e a posse de seus bens que pudessem carregar. Houve, no entanto, grande crueldade dos invasores que torturaram os rendidos em busca de ouro, prata e objetos de valor.

Atualmente o local é parte do Sítio da Trindade no bairro de Casa Amarela, tendo sido alvo de pesquisa arqueológica pela UFPE em 1968/1969 e 1988.

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