sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Recife e o início das ciências no hemisfério sul

Com a chegada de Maurício de Nassau ao Recife em 1637 começou o registro sistemático da natureza das capitanias do norte do Brasil. Na corte do Conde de Nassau havia a presença de artistas e cientistas que tinham a missão de levar para a Holanda os detalhes da geografia, fauna, flora e habitantes das terras conquistadas pelos mercenários da Companhia das Índias Ocidentais - WIC.

Em 1638 chega ao Brasil um jovem alemão da cidade de Liebstadt que iria introduzir os conceitos da moderna ciência na Nova Holanda, notadamente na astronomia: George Marcgrave. Havia estudado medicina, botânica, cartografia e astronomia na Universidade de Leiden, Holanda e vinha recomendado por Joannes de Laet, geógrafo e diretor da WIC.

Com o apoio de Nassau, Marcgrave montou um observatório astronômico na primeira casa do Conde no Recife, fazendo o registro documentado de diversos eventos celestes, além de outros observados em alguns pontos nas capitanias conquistadas pelos neerlandeses. Dentre seus feitos mais importantes destaca-se o registro de um eclipse lunar no Recife na noite de 20 de dezembro de 1638, cujos dados serviram para Marcgrave calcular a longitude do Recife com extrema precisão levando-se em conta a precariedade dos instrumentos da época. Com isso foi possível determinar a distância entre o Recife e as cidades da Europa, informação importantíssima para a navegação no Atlântico.

O Dr. Oscar Matsuura, astrofísico, escreveu:

O naturalista e cosmógrafo alemão Marcgrave, ficou muito conhecido por seus trabalhos em história natural e cartografia publicados após sua morte.

Para o Brasil, embora as atividades astronômicas de Marcgrave tenham ocorrido sob dominação estrangeira, o seu resgate histórico deve nos interessar por se tratar de um episódio ocorrido em nosso território, e que não deixa de se constituir no fato fundador da ciência em nosso país. Com efeito, o complexo formado pelo observatório astronômico de Marcgrave no Recife, pelos jardins botânico e zoológico do museu de historia natural, atuou como um campus avançado da Universidade de Leiden para observação da natureza do Novo Mundo. O observatório foi o primeiro do Brasil, das Américas e do hemisfério sul com edificação própria, com instrumentos de grande porte e de ultima geração na época.” (História da Astronomia no Brasil,  vol I – CEPE, 2014).

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