quarta-feira, 6 de março de 2019

As Alagoas


Os registros históricos das terras das chamadas Alagoas vem de antes do descobrimento oficial do Brasil em 1500. As costas da região entre o Rio Una e o Rio São Francisco eram acessadas por navegantes europeus que mantinham contato com os índios Caetés em busca do pau brasil. O nome Alagoas era originário das duas lagoas costeiras que existem a meio caminho entre os dois rios citados antes. Chamam-se Mundaú e Manguaba, ricas em peixes e frutos do mar, inclusive o famoso sururu.

Com a implantação do sistema de Capitanias Hereditárias a região das Alagoas fazia parte da Capitania de Pernambuco, do donatário Duarte Coelho Pereira. A colonização teve início com a fundação de Penedo, cerca de 30 km do litoral, na margem esquerda do São Francisco. A região começou a produzir cana de açúcar e surgiram diversos engenhos. Também foram implantados currais de gado e lavouras de fumo. Quase tudo era levado para Olinda, Recife e arredores. Também importante foi a região de Porto Calvo, na zona da mata norte, com engenhos de açúcar, e que servia de pouso para viajantes com destino ao Rio São Francisco. No litoral, próximo às duas lagoas, estavam os portos de Jaraguá e do Francês.

Um fato que marcou Alagoas no século XVI foi a morte do bispo D. Pero Fernandes Sardinha em 1556. O navio em que o primeiro bispo do Brasil seguia de Salvador para Portugal naufragou no litoral da atual cidade de Coruripe e tendo conseguido chegar à praia, foi preso e depois devorado pelos índios Caetés. Em retaliação, os portugueses enviaram uma expedição sob comando de Jerônimo de Albuquerque que exterminou grande número dos indígenas daquela tribo.

Seguindo a invasão neerlandesa de 1630 o território alagoano foi palco de muitas lutas que destruíram plantações e engenhos de açúcar. Os principais focos das contendas foram Porto Calvo e Penedo, que trocaram de mão várias vezes. Os holandeses construíram fortes nas duas vilas e os luso-brasileiros foram empurrados para além do Rio São Francisco, tendo os homens da Companhia das Índias Ocidentais chegado até localidades de Serigipe d’El-Rey, hoje Sergipe, na margem oposta do grande rio.

Chegando a Penedo em 1637, o Conde Maurício de Nassau enxergava na região um grande potencial para a agricultura e pecuária, tendo escrito ao Príncipe de Orange, Frederik Hendrik, pedindo recursos humanos e materiais para colonizar aquelas localidades.

No século XVII nas terras das Alagoas também surgiu o Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, hoje União dos Palmares. Reunia negros escravos fugidos de diversas localidades do Nordeste e que se organizaram em uma sociedade que cultivava diversas lavouras, além de praticar a caça, pesca e o artesanato, que trocavam por outros produtos com as comunidades vizinhas. Após um século de resistência aos ataques externos o Palmares foi conquistado em 1696 pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, que matou o último chefe dos quilombolas, Zumbi. Sua cabeça foi levada ao Recife e exposta no Pátio do Carmo como exemplo de punição aos escravos.

A comarca de Alagoas foi criada pelo Ato Régio de 09 de outubro de 1710, sendo instalada no ano seguinte. Em 16 de setembro de 1817 ela foi desmembrada da capitania de Pernambuco em retaliação da Coroa pela Revolução Pernambucana daquele ano.

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