Minha sugestão é que o Rio Grande deve ser ocupado por não menos de 200 homens. No Rio Mamanguape deve ser construído um forte para uma guarnição de 100 homens pois lá é o local ideal para que o inimigo desembarque seus marinheiros, bem no meio de nossas províncias, sendo bem próximo à Traição o que seria imensamente prejudicial à Paraíba, que fica bem próxima, caso o inimigo nos ataque de surpresa nessa região.
Na
Paraíba e nos três fortes que lá estão, eu julgo serem necessários 600 homens.
Na Ilha de Itamaracá e em Goiana, ao menos 300 homens. No Recife e nos fortes
ao seu redor, destruindo o Afogados e outras fortificações inúteis, 700 homens.
No Cabo de Santo Agostinho, eu gostaria que tudo fosse destruído, não mantendo
mais do que um forte dominando o porto. Mas como as pessoas não tem vontade nem
meios de construir, deve ser mantido o forte Gijsselingh que lá já existe, tal
como está, com uma guarnição de 150 homens.
Com
o tempo, não se deve fazer muito com o forte de Porto Calvo, recém conquistado,
pois naquele mesmo lugar, tal como atualmente se localiza, não pode ser
socorrido, a não ser quando se é senhor do campo. Caso o inimigo chegue com
grande força na região, como nós fizemos, ficará perdido e isolado, juntamente
com toda a artilharia. Será muito melhor que seja demolido e que Sua Excelência
erga um forte próximo ao porto, na praia com uma guarnição de 150 homens: essa
poderá, ao menos, ser socorrida pelo mar.
No
porto Francês ou na sua vizinhança, para manter livre as Alagoas, Sua Excelência
deve construir um forte para guarnição de 100 homens. No Rio São Francisco existem
dois lugares que oferecem possibilidade de entrada e neles devem ser
construídos dois fortes, cada um com 150 homens de guarnição. E isso é o mínimo
que Sua Excelência deve fazer para defender o Rio São Francisco, e também deve
ter, ao menos, um exército móvel com cerca de 400 homens. Tudo isso junto,
forma um total de 3 mil homens. O resto das tropas Sua Excelência pode dirigir
sem preocupação para fora do Rio São Francisco, pois acredita-se que fora dele
não esteja mais ocupado, e assim pilhar a região e buscar conseguir a
manutenção e o butim para a soldadesca. Mas sempre devem ser estar preparados
para retornar a Pernambuco, caso cheguem informações de que o inimigo se
aproxima pelo mar. Nesse interim, deve se pensar estratégias e tomar medidas
para se atacar a Bahia.
Trecho
final das Memórias de Krzysztof Arciszewski, oficial polonês que esteve a
serviço da WIC no Brasil holandês
desde o início da invasão. Em 1637 volta à Europa e deixa para o Conde de
Nassau um documento onde relata a situação da conquista e providencias a serem
tomadas para a correta manutenção e expansão do território ocupado no Nordeste
do Brasil.