segunda-feira, 27 de maio de 2013

As Solicitações do Conde de Nassau

A posição do Conde Maurício de Nassau ao comando do Brasil holandês foi de constante questionamento da Companhia das Índias Ocidentais (WIC), bem como dos Estados Gerais, parlamento dos Países Baixos, quanto aos meios ao seu dispor para manter e ampliar os territórios conquistados, além de promover a produção e transporte do açúcar e outros produtos da terra para a Holanda.

Desde sua nomeação como Governador e Capitão Geral de Terra e Mar do Brasil em 1636, Nassau teve promessa de receber enormes recursos em homens e apetrechos para sustentar a “Guerra Brasílica” e fazer valer a pena os investimentos da WIC na conquista. De inicio, para sua viagem ao Brasil, foi acertada uma esquadra de 32 navios e um exército de 7.000 combatentes. Apesar dos extensos recursos envolvidos, não era nada de extraordinário em comparação com a frota de invasão do almirante Loncq (67 navios) e os 7.300 homens da força expedicionária do general Waerdenburch que surgiram no litoral de Pernambuco em fevereiro de 1630.

Na realidade, o Conde de Nassau e sua comitiva de artistas, cientistas e engenheiros aportou em Recife com apenas 4 navios e 2.700 soldados. Apesar de parente próximo do próprio príncipe de Orange, Frederik Hendriks, Nassau nunca receberia os recursos que tanto cobrava em dezenas de cartas e relatórios aos Heeren XIX, conselho administrativo da WIC e aos Estados Gerais.

Antes da chegada do Governador, membros da WIC sediados no Recife e em outros pontos do Brasil holandês já alertavam as autoridades dos Países Baixos para as carências que dificultavam a vida aqueles presentes na conquista neerlandesa. Em 06 de novembro de 1636 o conselheiro Willem Schoot escreve relatório pedindo soldados e um comandante enérgico que pudesse conduzi-los.

Nassau solicitava também que fossem enviados da Europa, principalmente Holanda e Alemanha, colonos que pudessem ocupar os imensos territórios vagos e passíveis de suportar culturas que iriam alimentar a população que então dependia, em quase tudo, de produtos importados pela WIC.

Além da falta de tropas frescas e material bélico, Nassau alertava para as guarnições navais e terrestres que havia muito tinham excedido seu tempo de serviço contratado pela WIC e reclamavam seu retorno à Europa. Isso sem contar os soldos em atraso que provocavam desde excessos de bebida até a deserção para o lado inimigo.

Mesmo após sua volta à Holanda em 1644, Maurício de Nassau continuou reclamando aos Estados Gerais e à Companhia das Índias Ocidentais a entrega de meios para a manutenção do Brasil holandês. Seus protestos, bem como os de vários outros civis e militares graduados e engajados desde o Maranhão até o Rio São Francisco não encontraram eco em Haia nem Amsterdã e os vastos territórios do Brasil e da África, conquistados com tanto sangue e florins voltaram para os portugueses que mal podiam cuidar do seu próprio país, então acossado por espanhóis e neerlandeses.

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